Fabricante de tintas reduziu em 50% a taxa de acidentes em suas unidades fabris na América Latina; novos programas tornaram os ambientes mais seguros e saudáveis para funcionários

Tornar o ambiente de trabalho mais seguro e sustentável. Com esses objetivos em mente, a fabricante de tintas para os setores industrial e imobiliário Sherwin-Williams implantou dois novos processos em suas unidades da América Latina que reduziram em 50% a taxa de acidentes e incidentes na empresa em apenas três anos.

Por fabricar produtos que representam potencial risco à saúde e ao meio ambiente, dado o grau de toxicidade de seus componentes, e para seguir a tendência global de adoção de práticas mais sustentáveis, a Sherwin-Williams decidiu levar para o ambiente de trabalho, em 2016, os mesmos princípios adotados em outros programas a que é afiliada e que têm como pilares o respeito à natureza, ao ser humano e à sociedade.

Para a empresa, tudo começa no ambiente de trabalho: num ambiente seguro, os colaboradores trabalham mais tranquilos. E essa tranquilidade é refletida no desempenho da companhia. A empresa adotou, então, o SW Cares e o Sistema de Gerenciamento de Segurança de Processos.

Atingir os objetivos não foi fácil. A empresa teve que mudar a cultura comportamental dos colaboradores. E esse foi o maior desafio para a efetivação dos planos, independentemente dos níveis. Fazer com que funcionários, principalmente os antigos, tenham uma nova liderança gera uma alteração de comportamento. Ensinar que a segurança começa com atitudes e administração individuais enfrenta barreiras. Apontar uma atitude falha em um colega afeta a comunicação, apesar de e justamente por causa do diálogo aberto. Tais aspectos receberam atenção redobrada, foram discutidos em reuniões e de forma transparente. Também foram realizados treinamentos de conscientização para que todos os colaboradores tivessem as mesmas informações para execução dos processos.

Armazém da Sherwin-Williams em São Paulo

O PROGRAMA

O programa SW Cares funciona como uma base de padrões e procedimentos utilizados como alicerce para a execução de todo o gerenciamento de risco da Sherwin-Williams. Essa estrutura reduz a complexidade das práticas de saúde, segurança e meio ambiente e fornece uma conexão clara de como as atividades individuais se desenvolvem, contribuindo para o desempenho geral da empresa. A abordagem também assegura as divisões de governança da organização, possibilitando que riscos sejam identificados e controlados adequadamente.

Desenvolvido em 2016 com o intuito de orientar as lideranças da empresa a melhorar os indicadores de segurança, o SW Cares está dividido em quatro fases: liderança, segurança dos trabalhadores, proteção ambiental e operações saudáveis. Todos os setores da organização foram envolvidos no desenvolvimento do programa, liderado pela área de EHS (Environment, Health and Safety – Saúde, Segurança e Meio Ambiente).

O primeiro passo foi estabelecer padrões sobre a área de EHS e definir um departamento global para tratar do tema. Paralelamente, a empresa iniciou as quatro etapas para a efetivação do sistema:

1 – Liderança: define as lideranças para os respectivos processos, indicando os temas pelos quais seriam responsáveis e estabelecendo ações de melhoria, objetivos e metas;

2 – Segurança dos Trabalhadores: gerencia as mudanças nas unidades fabris com base nos pontos de vista técnico, administrativo e comportamental;

3 – Proteção Ambiental: efetua análises críticas periódicas dos novos processos, verificando se estão adequados às normas técnicas dos requerimentos;

4 – Operações Saudáveis: analisa anualmente os resultados dos processos, conferindo a segurança das unidades e se os colaboradores estão envolvidos e conscientes de suas responsabilidades. Também indica definições, objetivos e metas para a melhoria dos indicadores.

Com o detalhamento dos processos, foi muito mais simples orientar líderes e funcionários sobre as ações que precisavam de mudança. Quando o primeiro tópico foi consolidado, a segunda etapa do plano – Segurança dos Trabalhadores – começou, e o Sistema de Gerenciamento de Segurança de Processos (PSM – Process Safety Management) iniciou sua fase de implantação.

Dividido em 17 elementos, o PSM desenvolveu as readequações das áreas operacionais (produção, logística, engenharia, processos, manutenção e EHS). Seu objetivo era estabelecer requerimentos para prevenir ou minimizar as consequências de liberações de produtos químicos tóxicos, reativos, inflamáveis ou explosivos nas operações da empresa. O PSM segmenta seus elementos em quatro fases:

1 – Planejamento – informações de segurança de processo, aplicação (processos críticos), análises de perigos dos processos, envolvimento dos colaboradores, gerenciamento de modificações e revisão prévia de segurança e preparação dos responsáveis;

2 – Execução – procedimentos operacionais, programa de integridade mecânica, programa de treinamento, sistema de permissão de trabalho, gestão de contratados e definição de responsabilidades;

3 – Monitoramento – resposta a emergências e reporte e investigação de incidentes; e

4 – Análise – auditorias e verificações, segredos comerciais e proteção da informação e análise crítica periódica.

IMPLANTAÇÃO E DESAFIOS

O SW Cares e o PSM foram implementados em menos de um ano, respeitando aspectos de crescimento gradativo esperados pela estratégia de negócio ‘2020’. Enquanto o SW Cares é aplicado a todas as áreas e unidades da empresa, o PSM é específico para áreas de produção e processos.

Entre os objetivos principais do SW Cares, está a conscientização e a mudança na forma como colaboradores e até mesmo líderes abordam temas de segurança. O programa defende que segurança é mais do que usar corrimão e equipamentos de proteção individual. É, antes, uma forma de respeitar as pessoas, o patrimônio da empresa e o meio ambiente. Com o suporte dos processos, a capacitação dos líderes e o envolvimento dos colaboradores, o programa reforça três aspectos da cultura comportamental da empresa: liderança, trabalho em equipe e disciplina.

As áreas operacionais de produção, logística, engenharia, processos, manutenção e EHS são as mais beneficiadas pelo PSM. Aqui o foco é prevenir acidentes graves, como explosões ou liberação de material perigoso, e, como consequência, evitar acidentes e incidentes menores. Seus elementos são praticados com o auxílio dos colaboradores envolvidos em processos químicos, de avaliação de processo, análise de riscos e gerenciamento de modificação.

O programa foi aplicado em todas as unidades da Sherwin-Williams que possuíam processos de risco no Brasil e no restante da América Latina: Quito, Cuautlalpan, Monterrey, Vallejo, Cienega de Flores, Ciudadela, Santiago e Lima, São Paulo e Pernambuco. Nessas unidades, o processo fabril inclui procedimentos envolvendo substâncias químicas altamente perigosas ou em grandes quantidades, líquidos ou gases altamente inflamáveis e em grandes quantidades, reações químicas, aquecimento ou queima de fluídos, e formação de atmosferas explosivas por materiais particulados em suspensão.

Para desenvolver a caracterização dos novos processos, seus requerimentos possuíam informações de segurança com descrição detalhada. Era obrigatória a inserção de itens como os limites de segurança operacionais, as possíveis consequências dos desvios desses limites, a indicação de perigos físicos, químicos ou toxicológicos, os dados de construção do processo com materiais de construção, os diagramas de instrução, os sistemas de ventilação ou exaustão, os sistemas de segurança incluindo aplicação de intertravamentos, balanço de material e energético, entre outros. Diversas fases foram implementadas para que, além de conseguir desenvolver gradualmente o plano, fosse possível dividi-lo por líderes e encarregá-los de conferir sua efetivação.

Entre os 17 procedimentos do PSM, alguns se destacam por ser base para todos os demais:

Gerenciamento de modificações e revisão prévia de segurança: que documenta mudanças de fontes químicas, embalagens, substituição de matérias-primas ou alteração de pessoal. Também avalia a organização de equipamentos e se os elétricos possuem dispositivos de isolamento, caso precisem ser desenergizados em emergências sem acesso a painéis.

Programa de treinamento: que realiza a qualificação prática para que os colaboradores possam executar qualquer atividade de segurança, mesmo na ausência de seus líderes.

Programa de gestão de contratados: que faz os treinamentos para todos aqueles que precisem executar trabalhos ou serviços em locais de processos de risco, de modo que atendam às políticas de saúde, segurança e meio ambiente da empresa, mesmo no caso de terceiros.

Investigação de acidentes: que desenvolve e estabelece processos de reporte e investigação de incidentes, atendendo às definições e os requerimentos corporativos. Deve assegurar que todos os acidentes serão reportados, investigados e acompanhados. O resultado das investigações leva a empresa a repensar processos para evitar acidentes futuros.

Resposta a emergências: que elabora planos de atendimento a emergências, considerando todos os processos críticos, incluindo a disponibilidade de recursos humanos e materiais para minimizar os efeitos de incidentes.

Programa de proteção à vida: que inspeciona todos os equipamentos, assim como seus registros, e faz análises periódicas para identificar falhas e potenciais para melhorias. Todos os incidentes são reportados, investigados e acompanhados.

Ao final de cada ano, as unidades avaliam e comparam seu desempenho às definições estabelecidas no sistema, aplicando as devidas ações corretivas. Todos os itens possuem um responsável para responder e assegurar o atendimento aos requerimentos.

No Brasil, o SW Cares e o PSM foram implantados nas cinco unidades fabris da Sherwin-Williams em São Paulo (Taboão da Serra, São Bernardo, Araçariguama e Sumaré) e no centro de distribuição de Igarassu, em Pernambuco.

RESULTADOS

Os programas de gestão trouxeram resultados significativos em todos os quesitos relacionados à saúde, à segurança e ao meio ambiente. A mudança do modelo de gestão adotado pelos líderes também foi expressiva, resultando em ações mais proativas e participativas de suas equipes na estratégia de negócio da empresa.

Após o primeiro ano de instauração dos planos, a taxa de acidentes na América Latina teve redução de 50%. Em 2018 foram registrados sete acidentes. No Brasil, apenas dois – o equivalente a 1 acidente a cada 1 milhão de horas trabalhadas.

Os números de riscos identificados e corrigidos também tiveram grandes alterações. Em 2018 foram eliminadas 296 situações de riscos maiores e 1257 de classe moderada ou menor, classificação dada pela área de Compliance de cada unidade.

Hoje, o investimento em EHS na Sherwin-Williams América Latina representa 53% do capital disponível para os próximos cinco anos, o que, avaliado individualmente, corresponde a US$ 8 milhões por ano.

Para 2019, estão previstos 59 projetos de melhorias das questões de saúde, segurança e meio ambiente na região, dentre esses, 22 apenas para o Brasil.

SOBRE A SHERWIN-WILLIAMS

Há mais de 70 anos no Brasil, a Sherwin-Williams está entre as principais indústrias de tintas do mercado voltadas para os segmentos imobiliário e industrial. A empresa participa de vários programas de qualidade e sustentabilidade, entre os quais o Programa Setorial de Qualidade, da Abrafati (Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas) e o Programa LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) para construção de edifícios mais verdes. https://www.sherwin-williams.com.br/